FacebookInstagram

Uma volta pelo brasil

Trecho do PDF marcado pelo autor e seus coautores.

Texto PDF marcado pelos autores e coautores.

 

Davi Kopenawa diz que o branco escreve no papel enquanto o indígena escreve na pele. O papel é estrutura de planificação e ordenação de conteúdo, para não esquecer. Mas a corporeidade fica afora e a pele fica limpa de marcas. Nisso vejo que a corporeidade se perde. 

 

Deste modo, tentamos nesse post trazer um pouco desse corpo por duas vias que se integram. Um áudio e um texto marcado por nós da equipe da PUB. O áudio tem minha voz lendo o texto que eu mesmo escrevi. O texto tem as marcas da equipe, em que cada um lia um parágrafo e passava parágrafo e passava para o próximo, e nesse meio tempo marcava o que achava conveniente. Rimos e interagimos nesse processo. Eu me encolhi um pouco com medo tanto da proposta quando do que poderia vir. Mas, com o tempo, me conformei e me diverti com essa brincadeira com minha própria produção. 

 

Escrevi o texto para ser ouvido, até mesmo no sentido lógico. Escrevi o texto para ser lido como uma espécie de conversa que salta, se retoma, espera o leitor, mas também desespera. 

 

Marquei o texto para que mostrasse que ali tinha alguéms por trás. Nós da equipe que discutimos e conversamos, e daí colhi muito dos estilos que coloquei nas palavras. Eles que leram e marcaram e. Eu que escrevi, que quis trazer o que trouxe.

 

Talvez, espero, que esse texto marcado coloque um relevo na cabeça de quem lê, quando lê uma produção. Essas nuances da voz, do rabisco, das notas, são lembranças de um relevo deplainado, mais perto das curvas e modos da pele, do corpo.

 

Obrigado. 

Sou Marcus Arcanjo, Estudante de Psicologia da USP. Sou de Belo Horizonte, MG, nascido em 2003. Moro atualmente em São Paulo desde 2022.

Esse texto faz parte de um projeto de Ensino vinculado à Rede de Atenção à Pessoa Indígena, sob orientação de Danilo Silva Guimarães.