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Rede Indígena com Prof. Dr. Tupã Jekupé: 2° encontro aberto de formação do Núcleo Justiça e Rede Indígena

Dando continuidade ao encontro anterior (ocorrido aos 1o de março de 2021), e naturalmente em constante comunicação com as atuações em curso da Rede Indígena, – e portanto num processo vivo – o professor Tupã Jekupé (Danilo Guimarães) propiciou o compartilhamento de conhecimentos tematizando, em nosso segundo encontro de formação, “o histórico” da Rede Indígena no IP-USP.

Com assistência de diversos membros da Rede indígena, e profissionais componentes do núcleo, o compartilhamento foi apresentado verbalmente e com recursos visuais.

Assim, com uma policromática cronologia tabelada diante dos olhos, organizando as “4 dimensões irredutíveis do diálogo” (proposta advinda da linha das pesquisas da psicologia dialogal), o percurso apresentado pelo professor se estruturou em torno de 4 diferentes perguntas:

Quem? Diz o que? Pra quem? Quando?

Com essa proposta foi então possível percorrer, com detalhada qualidade, desde o primeiro projeto da Rede Indígena, realizado em 2012 por ocasião de um Edital da Pró-reitoria de Cultura e Extensão, passar pelo estabelecimento formal em 2015 da Rede como um serviço universitário, observar a construção da Casa de Culturas Indígenas em 2017 e chegar, finalmente, à presente diversificação de núcleos da Rede.

No minucioso percurso, desde o início inspirado pelo conceito chave de “vulnerabilidades psicossociais”, ressaltou-se a importância, na fase inicial, dos trabalhos realizados no Conselho Regional de Psicologia de São Paulo, e principalmente da presença do CAPISP (Comissão de Articulação dos Povos Indígenas de São Paulo).

Assim, se já havia em 2012 estudos que mencionavam a presença de mais de 40 povos vivendo na área urbana de São Paulo, foi na ocasião do efetivo e presente encontro com os Pankararu de Real Parque, Pankará, Fulniô, diversos povos do Nordeste, reunidos no centro de SP (muitos deles ligados ao Projeto Pindorama da PUC-SP) que se fez possível o contato inicial com a Tekoa Krukutu, e os primeiros projetos da Rede.

Foi nesse contato, com a Tekoa Krukutu, – que geraria uma série de visitas à aldeia-, quando deu-se o já célebre diálogo que o professor muita vez compartilha em nossas reuniões Nhemboaty: foi quando telefonou ao parente que havia conhecido no evento do CRP a fim de iniciar um diálogo que envolvesse a Universidade de São Paulo e escutou em resposta (aproximadamente):

– Pode vir à aldeia sim, mas olha, não queremos pesquisa com a gente.

É por causa desse momento que desde 2012 já se define o caminho da cultura e extensão que levará à consolidação da Rede como um “serviço universitário”.

Realizadas diversas visitas, concluiu-se o primeiro ciclo da Rede com um evento no campus, com a presença de grande número de pessoas indígenas de diversas etnias (Terena, Guarani-Mbyá,Guarani-Nhandeva, Xucurú do Ororubá e Pankararu). O título do evento “Psicologia e Povos indígenas: saberes e práticas em diálogo”.

Em 2013 adveio o convite para ir ao Jaraguá e realizar o serviço de durante dias ouvir (com tradução simultânea) e documentar o encontro de lideranças (Nhemboaty) , e após isso trabalhar na elaboração de uma carta com o teor indicado, promovendo sua apresentação a diversos órgãos públicos, o que foi feito. Na ocasião estavam presentes também o CRP e a Funai, e sobressaíram três pontos principais no documento final:

  • Educação
  • Saúde
  • Demarcação

Em 2015 o bem sucedido evento se repetiu, com mais lideranças presentes, e um registro audiovisual mais minucioso. Ao fim, uma cerimônia Nhemongaraí.

Ainda no mesmo ano, diante da constatação de riscos advindos da ignorância acerca da possibilidade da existência de pessoas indígenas em São Paulo, um novo evento (disponível no acervo online do IPTV-USP), intitulado “A Presença Indígena em São Paulo”.

2015 foi ano em que se deu o reconhecimento dentro da estrutura universitária da Rede Indígena como “serviço universitário” (embora sem alocação específica de recursos), o que propiciou sua mais constante ampliação.

Em 2016 já se veria claramente o núcleo de Turismo de Base Comunitária e as lutas por direitos como Educação (Escola Indígena) numa área mais abrangente (Itanhaém, por exemplo).

2017 viu a construção da Casa de Culturas Indígenas bem como a primeira cerimônia Nhemongaraí com a presença também de estudantes, no que se destacou o comparecimento de membros do movimento estudantil Levante Indígena na USP na inauguração da casa.

A partir daí, e até os presentes dias, intensificou-se e diversificou-se a atuação da Rede, e foram criados diversos núcleos (dentro os quais o de Justiça), bem como o portal que ora os organiza (https://redeindigena.ip.usp.br/ ).

Seguiu-se assim, por fim, como de costume, um diverso e respeitoso diálogo, com aprofundamento de variadas questões, e o desdobramento de temas fundamentais para o trabalho da Rede.

Ficou indicada a próxima reunião para o compartilhamento da psicóloga Marília Marra. Compareça aos encontros abertos de formação!

 

Ha’evete ma

Hae’ve’i ko

Aguyjevete

 

Reportagem sobre o evento citado:

https://www5.usp.br/noticias/sociedade/forum-abre-espaco-para-discussao-dos-problemas-da-populacao-indigena/

 

Nota redigida por Augusto Pessin