Nhemboaty 22/02/2021
Ouça, se preferir, a versão em áudio:
Na segunda-feira, dia 22 de Fevereiro de 2021, ocorreu a habitual reunião do grupo de articulação da Rede Indígena, nosso querido Nhemboaty. É nesse momento, com a sabedoria dialogal de profundo respeito à escuta do outro, Japixaka, que podemos compartilhar com profundidade nossos movimentos específicos de cada núcleo e, antes de tudo, as mais livres manifestações que contemplem, inclusive, os momentos pessoais que cada um entender importante dividir. Essa sensibilidade, entre outros valiosos respeitos, permite uma divisão de funções e atividades que não sobrecarregue aqueles que estejam com menor possibilidade de ação, evitando as pressões indesejáveis de um ritmo incompatível com uma vida digna, saudável, ou como se diz em Guarani Mbyá, com o Nhandereko.
Identificação da Rede nas visitas – o nascimento dos coletes
Iniciou a reunião com a ideia, logo bem recebida e transformada em um plano de realização, de providenciar um colete de identificação para as visitas da Rede à tekoa (que comumente se chamam de “aldeias”, mas não é muito adequado, pois aldeias são nomes emprestados de povoados menores portugueses, então preferimos aqui o nome que os povos Guarani, nossos principais anfitriões, por razões de proximidade territorial, utilizam).
Vários benefícios do uso da identificação clara e visível foram listados, especialmente a possibilidade de uma construção mais estável de vínculos de confiança (evitando confusão com outros grupos visitantes), e principalmente uma melhor possibilidade das tekoa, mais plenamente informadas de quem são seus visitantes, poderem assim decidir como e se estão dispostos a receber visitas. Com a colaboração do Prof. Ricardo Augusto Dias, que nos trouxe sua experiência de diversos trabalhos de campo, consideramos também identificações para os veículos que nos levarão às tekoa, possibilitando assim uma identificação também à distância.
Parâmetros de atuação – construção conjunta e dialogal
Visando a construção de um trabalho de excelência, transparente e coeso, estudamos dois casos ocorridos de propostas de atuação, concluindo pela reafirmação de que são parâmetros mínimos de uma ação que se inclua na Rede Indígena o respeito à necessidade de presença e consideração conjunta nas reuniões do Nhemboaty, onde se pode naturalmente conhecer e absorver os protocolos específicos de relação com as pessoas indígenas, e com as normas universitárias.
Parâmetros de atuação – quanto à noção de assistencialismo
Diante das inúmeras legítimas necessidades materiais diretas e de acesso a direitos encontradas no atendimento a pessoas indígenas, outra constante reflexão, e no encontro do dia 22 aprofundada, é a dos limites da atuação universitária.
Partindo da noção de assistencialismo como indevida assunção de prestações de serviços que não cabem à Rede, destacou-se que é fundamental a manutenção dos serviços efetivamente universitários, conforme nossos projetos e combinados Nhemboaty. No caso de surgimento de necessidades básicas e de acesso a direitos que não estão no escopo da Rede Indígena, a fim de evitar especialmente um suporte sem a qualidade necessária, e o esvaziamento de esforços nos projetos que efetivamente estamos preparados para realizar, o protocolo estabelecido é o de encaminhamento para os serviços públicos e soluções adequados a cada caso.
Semana de Psicologia, semana da calourada e site
Convidada para participar do evento “Semana de Psicologia”, evento tradicional do IP-USP que ocorre geralmente em Maio de cada ano, a Rede Indígena, naturalmente feliz por poder colaborar com o importante momento, se fará presente com a estudante Naju do Amor Divino. O evento desse ano será no formato Webinar, por razões de saúde.
Prossegue igualmente a construção da semana da calourada, onde a Rede também se fará presente, com destaque para a importância de uma presença plural e possibilidades de uso de mídias digitais na apresentação.
Visitas às tekoa
Também por razões de saúde, a Rede meditou nesse Nhemboaty sobre possíveis critérios de visitas seguras às tekoa. Partindo sempre da ocorrência de um primordial prévio e informado, consciente aceite das comunidades, quais seriam então os parâmetros? Seria importante? Ponderou-se que a vacinação é um fator importante para a segurança das tekoa, e que diversos membros da rede também tem limitações pessoais incontornáveis, como o pertencimento a grupos de risco ou habitação compartilhada com pessoas de grupos de risco. No entanto, diante da imprescindibilidade das visitas para a realização das atividades da rede, o Núcleo de Turismo de Base Comunitária, constatando que embora com diversas e relevantíssimas restrições, respeitando sempre as diretrizes universitárias, há consenso sobre a possibilidade de visitas excepcionais, continuará o desenvolvimento de protocolos específicos para eventual necessidade.
Justiça Restaurativa
Foi reiterado o convite do encontro de formação ocorrido na sequência da reunião com ampla assistência e proveitosos trabalhos.
Curso de Língua e Cultura Guarani
Prossegue o trabalho de elaboração dos materiais didáticos junto aos professores, com reuniões periódicas de consultoria direta.
Vida financeira da Rede
Como já de hábito, questões sobre o empenho de recursos e as regras de uso apresentadas pelo IP-USP e pelos editais foram colocadas e esclarecidas, de maneira a tornar o processo o mais transparente, auditável e participativo.
Comunicação
Reitera o núcleo seu pedido constante para que todas enviem sugestões de textos e postagens para nosso site e redes.
Portal Indígena
Dado o contexto pandêmico, e visando a continuidade dos trabalhos do portal, estudar-se-ão durante a semana maneiras de realizar entrevistas com pessoas das tekoa, inclusive visando atender suas necessidades pela manutenção de atividades que permitam o desenvolvimento de projetos correlatos ao portal e ao desenvolvimento das visitas turísticas habituais e aprimoradas.
Have’i
Ha’evete Pave’i
Porã Ete! Aguyjevete!
Nota redigida e vocalizada por Augusto Pessin