Rede de Atenção à Pessoa Indígena Instituto de Psicologia Departamento de Psicologia Experimental
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22/03/2021

Nhemboaty 15/03/2021

A organização de nosso Nhemboaty semanal deriva do aprendizado que tivemos nas aldeias desde a criação da Rede Indígena, em 2011. Quando a reunião é feita na Opy da USP, o Japyxaka – falas individuais em um momento de uma escuta coletiva atenta – é ainda mais parecido com o que acontece nas aldeias. Isso, pois, quando nos reunimos presencialmente, há um engajamento do corpo, essencial para a comunicação espontânea; quem fala, levanta-se e se torna visível para os presentes. Ademais, durante nossos encontros, há pautas fixas referentes aos informes dos núcleos que constituem a Rede e de articulações que incluem, principalmente, os editais que participamos; e pautas extraordinárias, que surgem durante a semana.

Em especial, no Nhemboaty do dia 15/03/2021, discutimos a situação de falta de alimentos nas Tekoa: Tangará, Guaviraty e Paranapuã. A vulnerabilidade em que se encontra parte dos moradores das aldeias, além de nos sensibilizar profundamente, levou-nos a debater a melhor maneira de contribuir. Para que as atividades da Rede possam se realizar, é essencial que os indígenas possuam, no mínimo, o básico para sua sobrevivência. Em contrapartida, os recursos da Universidade não contemplam situações como esta. Logo, o que cabe a nós, é o fortalecimento do trabalho voluntário, principalmente junto à articulação com Instituições Indígenas e Indigenistas; e o serviço de denúncia, apresentando a situação precária para as instituições públicas, as quais possuem o dever e compromisso na garantia da vida da população. Acrescenta-se, também, a realização de campanhas de arrecadação realizadas em diálogo com a comunidade.

Abaixo seguem algumas atualizações e informações compartilhadas durante o Nhemboaty sobre os respectivos núcleos:

 

Acesso e Permanência Indígena: Está sendo elaborado uma Carta/Manifesto, por membros da Rede e do Levante Indígena, com o fim de denunciar a obrigatoriedade do Registro Administrativo de Nascimento de Indígena (RANI) para a inscrição do estudante indígena na FUVEST. Há uma série dificuldade dos estudantes em conseguirem o documento. Em anos anteriores, também aconteceram manifestações semelhantes, em torno do Acesso dos Indígenas na Universidade. Ademais, estudantes indígenas entraram em contato com os membros do Cursinho Pré-Vestibular do Instituto de Psicologia.

 

Cuidados aos cães e gatos nas aldeias: Não há nenhuma atualização, ainda haverá o encontro com os professores para falar das questões deste núcleo.

 

Cuidado psicológico à pessoa indígena: Foi levantada a questão sobre como chegar até as pessoas que estão necessitadas de atendimento. Ainda nesse sentido, foram recebidos pedidos abertos sobre a possibilidade de trabalhar palavras em Guarani relativas à violência contra a mulher. Assim, ficamos de construir, também, atendimentos coletivos.

 

Encontros Interétnicos: Está sendo organizada a participação da Rede na semana acadêmica de psicologia da Universidade do Centro Oeste, sendo que já foi realizado um encontro com um dos membros organizadores. Ademais, está sendo realizada uma campanha para a arrecadação de materiais escolares, juntamente com a Tekoa Yyrexakã. Foi criado um pix da Rede Indígena (redeindigena@usp.br), com o fim de possibilitar doações em dinheiro, além de ser uma ferramenta para a autonomia da Rede em projetos de arrecadação.

 

Justiça Restaurativa: Está marcada uma reunião aberta, no dia 12 de abril às 16:15, com o professor Danilo Guimarães, que irá expor a história e a construção dos fundamentos que hoje constituem a Rede Indígena.

 

Língua e Cultura Guarani: Haverá mais duas reuniões (15/03 e 22/03) com os professores indígenas para a construção do material para o Curso de Língua e Cultura Guarani. As inscrições foram realizadas entre os dias 10 e 20 de março, através da inscrição no Sistema Apolo e de uma carta de justificativa enviada para o e-mail da Rede. Além disso, o computador montado para uso dos professores foi entregue a eles.

 

Praça de Culturas Indígenas: Sobre a última reunião da Praça da Casa de Culturas, ficou pautada a organização das oficinas (reuniões participativas para pensar o projeto da Praça). Há certa dificuldade para que os encontros aconteçam virtualmente, sendo que a construção acontecerá juntamente com os membros Guarani. Logo, tem-se trabalhado na realização de projetos básicos e de necessidades mais imediatas, como um ponto de água para regar as plantas e, até mesmo, um banheiro.

 

Turismo Ecológico, Educacional e de Base Comunitária: Há um diálogo acontecendo com uma pessoa indígena da Tekoa Tangará há um tempo. Alguns membros do núcleo começaram a fazer um curso de Guarani Mbya com ele. Nessa semana, foram acordadas datas para que essa pessoa contribua com as informações para o site das aldeias. Além disso, foi discutida a possibilidade do encontro presencial com uma pessoa indígena de Itaendy, com o objetivo de desenvolver com ele projetos que envolvem o núcleo.

 

Próximos eventos com participação da Rede Indígena: 

  • Semana Acadêmica de Psicologia da Universidade Estadual do Centro-Oeste. A Rede Indígena participará de uma mesa no dia 25/3 das 14h às 16h.
  • Semana de Psicologia do IPUSP – 5 a 9 de Abril. A Rede irá falar sobre ser indígena na contemporaneidade em contexto urbano com o tema – Rede Indígena e Levante Indígena na USP: Indígenas na Universidade, ser indígena na contemporaneidade. Afundando Caravelas.
  • Reunião aberta com o núcleo da Justiça Restaurativa – Dia 12/04/2021, às 16:15. O professor Danilo contará o histórico e os fundamentos da Rede Indígena.
  • Semana de Recepção de Calouros da USP – 12 a 16 de Abril. A Rede Indígena fará uma apresentação de quem somos e o que fazemos para os novos graduandos no dia 16/4 às 9:30h.

 

Porã Ete! Aguyjevete!

Nota redigida por Luíza Sobreira